UM VERDADEIRO CRIME CONTRA A SOBERANIA BRASILEIRA:

Nelson
5 min readApr 3, 2024

A venda da AVIBRAS para uma empresa australiana é um absurdo, um crime contra soberania nacional brasileira. A AVIBRAS fabrica nossos melhores equipamentos de artilharia de longa distância, o sistema ASTROS. O fato da venda ser para uma empresa australiana é pior ainda.

É notório que, desde que o Brasil e China começaram a produzir seus projetos de submarino nuclear, EUA e UE permitiram que a Austrália começasse o seu, lhe dando muito apoio, para competir conosco, em especial, com a China. Agora teremos que negociar com uma empresa australiana para completar a reforma de nossos lançadores ASTROS, o “carro chefe” de nossas forças armadas.

O QUE O GOVERNO DEVERIA FAZER QUANTO A QUESTÃO MILITAR?

— Aproveitar a intentona bolsonarista do 8 de janeiro para debelar o partido fardado e refundar as forças armadas em novas bases para o Brasil poder ter um projeto nacional soberano e independente.

O QUE O GOVERNO FAZ QUANTO A QUESTÃO MILITAR?

— Recua quanto ao partido fardado, se silencia no debate histórico quanto a ditadura militar, e aceita a venda da empresa que fabrica os melhores equipamentos de nossas forças terrestres.

Difícil ver algum futuro para o Brasil que não seja ser eternamente um Estado Feitoria, sem a mínima soberania ou independência…

SOBRE A ÓBVIA IMPORTÂNCIA DO SISTEMA ASTROS PARA A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA:

Para quem não compreendeu bem o impacto da venda da AVIBRAS, aqui vai uma explicação um pouco mais detalhada numa linguagem simples:

O Brasil, assim como todo país, tem uma estratégia nacional de defesa. Ou seja, temos um modus operandi para agir caso, por qualquer que seja o motivo, nossa soberania nacional seja violada e o Brasil entre em guerra.

Como é evidente, existe uma certa hierarquia de poder entre as forças armadas de diferentes países, em termos de tecnologia disponível, financiamento, e número de pessoal. Isso não determina vencedores, como a história nos mostra, mas impacta na estratégia utilizada por cada país.

Países mais ricos e com alto financiamento no setor militar, em geral, tem uma estratégia de utilização de uma gama de equipamentos de alto custo. Países com menos recursos, em geral, desenvolvem uma linha estratégica voltada para guerra assimétrica e qualificação do efetivo.

No caso do Brasil, cujas forças terrestres tem como um dos mitos fundadores a Batalha dos Guararapes, e dispõe de uma doutrina de atuação interna de contra revolução preventiva, isso se torna muito nítido. Somados a isso temos, por exemplo, a experiência da segunda GM.

Resumidamente, nossa estratégia defensiva nacional combina, campanhas de propaganda interna e mobilização de massas, a rápida mobilização de efetivo, especialmente paraquedistas, para serem espalhados na região de conflito como uma forma de guerra de guerrilhas.

Aliado a isso, viria um apoio aéreo e tentativa de manter a supremacia aérea do território, que, embora tenhamos bons acordos de troca tecnológica, boa parte da comunidade que estuda defesa e segurança nacional acredita ainda ser insuficiente em muitos aspectos.

Um apoio naval, em determinadas circunstâncias, muito embora os maiores projetos da marinha do Brasil, como os submarinos nucleares e outros modelos de submarino convencional mais modernos, tenham sido especialmente sabotados.

E o pulo do gato da estratégia, a joia da coroa, seria a capacidade de artilharia de precisão em todo o território nacional, promovida pela grande capacidade do sistema ASTROS, tanto em termos de precisão, quanto em termos de frequência e distância máxima atingida.

A reforma e modernização do sistema ASTROS era um dos maiores objetivos tecnológicos de nossas forças terrestres em termos de equipamento nos últimos anos, junto a introdução de algumas melhorias em blindados. Tal projeto sequer foi finalizado ainda, a meta era para 2031.

Cabe destacar que, os supostos maiores interessados em impedir a venda da AVIBRAS e perda do Brasil quanto a sua autonomia de tecnologia, as Forças Armadas, não se movimentaram para, seguindo a lei, encontrar uma solução em nenhum momento. O governo federal, também não.

A venda da AVIBRAS é, portanto, realmente grave não apenas do aspecto da perda de autonomia tecnológica, mas também expõe de forma contundente as fragilidades do Brasil de defender e manter controle sobre seu próprio território, expondo também a ação do imperialismo por aqui.

A esquerda brasileira, como resultado de um processo complexo após o fim da ditadura militar, se isentou de estudar e participar dos debates quando a Defesa Nacional e todos os setores correlatos.

Os socialistas devem defender uma firme posição nesse tema, que corresponda aos interesses da classe trabalhadora:

Com os militares que aí estão, com o partido fardado, nunca teremos a soberania necessária para ter um projeto nacional realmente rebelde e anti-imperialista.

Mas isso não significa que devemos ter aversão quanto ao tema. Pelo contrário. Pois, a existência de uma força militar que atenda aos anseios da própria classe trabalhadora e defenda a soberania nacional, é um imperativo para manutenção de qualquer revolução.

SOBRE O FORMIDÁVEL MÍSSIL TÁTICO DE CRUZEIRO INTEIRAMENTE FEITO COM TECNOLOGIA NACIONAL E SUA VENDA PARA OS GRINGOS:

Lembrando do caso da Embraer e de como KC-390 se tornou um símbolo da campanha contra a venda da empresa. Me cabe destacar que, embora o sistema ASTROS seja importante, ele não será a maior perda que teremos com a venda da AVIBRAS. A maior perda se chama MTC-300.

O Míssil Tático de Cruzeiro feito inteiramente por tecnologia nacional em uma parceria da AVIBRAS com o Exército. Chamado pelas mídias de defesa de países BRICS e demais estrangeiros pela alcunha de “os mísseis Tomahawk brasileiros”, objeto de massivo investimento brasileiro desde o ano de 2011.

Capaz de atingir entre 300 km e 1000 km de distância com alta precisão, o mesmo tem como lançador ideal as unidades modernizadas do sistema ASTROS. O MTC-300 é uma ferramenta com potencial dissuasivo regional e seu objetivo versa tanto sobre a defesa do território nacional quanto de nosso entorno estratégico.

Antes da venda da AVIBRAS, a empresa só tinha possibilidade de exportar MTCs com capacidade para atingir 300 km de distância, sendo os demais apenas para uso militar brasileiro. Após a venda da empresa para uma concorrente australiana, não sabemos como fica isso. Os direitos para a produção do MTC-300 são do exército brasileiro, mas, na prática, não é bem assim que funciona.

Uma das maiores vantagens do MTC-300 é o baixo custo de produção quando comparado a similares de sua categoria, bem como a versatilidade de utilização. Tendo uma sinergia grande com sistemas reformados de artilharia motorizados de alta tecnologia ASTROS, que podem atirar até dois MTC-300 por vez com taxa de precisão de até no máximo 30 metros de raio de erro e controle refinado de trajetória.

Mesmo que as Forças Armadas encontrem outro fabricante para o MTC-300, a AVIBRAS, agora australiana, sabe seus segredos e como produzir tal equipamento. Além disso, os direitos quanto a produção de motorizados do sistema ASTROS, que é o lançador ideal para o MTC- 300, são da empresa.

SOBRE A RAPINA IMPERIALISTA NO SETOR DE DEFESA NACIONAL E A IRONIA:

Não deixa de ser irônico que os aviões KC-390 fabricados pela Embraer, quase engolida pela Boeing recentemente, sejam projetados exatamente para conseguir carregar motorizados do sistema ASTROS, fabricados pela AVIBRAS, vendida recentemente para uma concorrente australiana.

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