SOBRE A EXTREMA DIREITA E SEU MOVIMENTO DE MASSAS:

Nelson
3 min readFeb 29, 2024

O intelectual marxista brasileiro, Moniz Bandeira, em seus livros, de título “Desordem Mundial” e “Segunda Guerra Fria”, introduz um importante debate também sobre revolução, contra-revolução, e movimentos de massa.

Além de trazer acontecimentos pouco conhecidos, e seus desdobramentos para a geopolítica, tais livros também demonstram, a partir da reflexão de Moniz Bandeira sobre o conceito de contra-revolução aplicado pelo imperialismo desde o final do século XX.

Moniz Bandeira analisa como se deram as operações de troca de regime vulgarmente conhecidas como “revoluções coloridas”, e as relaciona uma mudança na práxis de como o imperialismo intervém em partes do mundo, especialmente na América Latina, mas não somente.

Moniz Bandeira evidencia como existe um tripé em tal método de “contra-revolução suave”:

1: Utilização de mídia internacionalmente coordenada

2: Agitação de Massas e forte guerra cultural.

3: Movimentos de massa reacionários tomam as ruas para gerar legitimidade ao golpe.

De forma resumida e superficial e com diferenças, o mesmo padrão pode ser observado tanto nos processos golpistas que passaram a Ucrânia em 2014, o Brasil em 2016 e o golpe de direita já revertido sofrido pela Bolívia. Tal mecanismo, porém, já havia funcionado anteriormente.

No caso da extrema-direita brasileira, é importante perceber as origens dos grupos políticos reacionários que participaram de 2014 até 2016 do movimento de massas que legitimou o criminosamente injusto impedimento de Dilma Rousseff.

Tivemos tanto a influência dos EUA na criação de movimentos de massa liberais de direita como o MBL, quanto a criação de uma alternativa nacional de movimento de massas reacionário e militarista criado por nossos militares em parceria de parte da classe dominante brasileira. Aqueles que desdenham do movimento de massas da extrema-direita por ser “inculto”, não compreendem que o bolsonarismo é o movimento de massas dos militares, que não podem disputar a política diretamente, então precisam de um “testa de ferro”.

Ocorre que ele não precisa ser culto para ser um problema. Enquanto ele é forte numericamente falando, ele cumpre sua função de gerar “legitimidade” as medidas radicais propostas. E justamente por ser o movimento de massa dos militares, existiu um apoio de propaganda.

A reinserção dos militares na vida política brasileira após a crise iniciada em 2013 foi muito bem documentada e analisada pela esquerda radical brasileira. Especialmente sobre isso, foi lançado o livro “Carta no Coturno”, lançado por escritores da Revista Opera.

As Forças Armadas brasileiras e sua inteligência, em contato com as Forças Armadas dos EUA, entraram em contato também com os pressupostos de uma operação de “Mudança de Regime”, e com a forma de fazer uma mudança de regime comumente conhecida como “Revolução Colorida”.

Com propaganda personalizada para as pessoas cuja ditadura militar educou entre 1964 e 1985, com o apoio dos latifundiários, as Forças Armadas conseguiu criar um novo movimento político que existe com o único objetivo de legitimar e convocar a intervenção militar na política.

É um erro que a esquerda liberal minimize a mobilização de massas dos reacionários. Sobretudo quando o governo não mobiliza suas bases com frequência, e também não pune com vigor os militares que tanto conspiraram e nem debela o partido fardado.

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