Sobre a disciplina militante e o tempo:

Nelson
2 min readMar 1, 2024

O tempo é amigo de quem milita correto, e é implacável com quem abraça a retórica e ignora a busca pela verdade e por uma construção realmente libertadora. Muitas vezes, enquanto militantes, é nosso dever defender posições “impopulares”, dada a hegemonia intelectual da classe dominante e do imperialismo. Partimos, em geral, de uma posição assimétrica e minoritária, e é natural que nossa visão de mundo se choque com o “senso comum”.

Tal desvantagem, de partir de uma posição numericamente inferior, contudo, pode se tornar numa qualidade, pois isso nos obriga a pensar pela lógica da transformação. Exatamente por isso o militante não deve se abster dos debates que tem que ter, pois eles têm papel pedagógico. No processo de conscientização e transição da opinião pública, a organização, mobilização e disciplina militante dos quadros é essencial. Sem disciplina militante, na sociedade do espetáculo, a chance de desvio pequeno-burguês que capitula para posição hegemônica é grande.

O tempo e o contexto são os melhores amigos daqueles que tem disciplina militante e uma análise correta dos fatos a partir de uma teoria política sólida. Se o trabalho de base é feito, e o fio da história se desenrola, nosso discurso e práxis são referendados pelos fatos. Pensemos no quão difícil era defender a causa palestina no final do ano passado? Hoje a defesa da causa palestina cresce na opinião pública e desmoralizados, como merecem, estão seus detratores. O movimento socialista, e especialmente os trabalhistas, devem levar isso em conta.

Pois explicar a história do Brasil a contra-pelo, do ponto de vista da classe trabalhadora, do ponto de vista marxista e trabalhista da história, é uma das disputas centrais que devemos ter pela hegemonia da opinião pública ao nível interno nos próximos anos. Sem perder de vista, com disciplina militante, a construção real e concreta no presente que possibilite essa transição de condições no futuro.

D.A 01/03/2024

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